Nutricionista Adriana Lauffer

Nutri, quanto pode comer?

quanto pode comer

“Nutri, quanto pode comer?”. Essa é uma pergunta complicada de responder, não possui uma resposta pronta. E mostra o quão insegura a pessoa está para tomar as próprias decisões e/ou o quão desconectada está dos sinais do seu próprio corpo.

Mostra o quanto ela perdeu a referência de quantidade versus nível de fome. É quase como perguntar: “Doutor, quanto de xixi eu posso fazer por vez, e quantas vezes ao dia? Quantas horas de sono posso dormir, são seguidas ou divididas?”

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Insegurança para confiar em si mesmo

Pessoas que perguntam isso na maior parte das vezes já passaram por inúmeras dietas. Ou seja, receberam inúmeras orientações externas (de profissionais) sobre o que comer, quanto e quando, e agora não conseguem mais tomar decisões sozinhas.

São pessoas que agora têm medo de comer demais ou perderam completamente a referência do que seria uma quantidade suficiente/adequada. Acabaram incorporando uma das características do que chamamos de “mentalidade de dieta”.

O impacto das dietas

Agora, pare para pensar no que significa você seguir uma prescrição de alimentação pré determinada por outra pessoa (o profissional). Você já acorda de manhã sabendo o quanto poderá comer de cada coisa em cada horário, seja de 3-3 horas, ou quantas horas em jejum. Como o profissional vai saber o quanto de fome você estará em cada dia ou horário? É bizarro, não acha? A dieta prescrita pode causar alguns problemas:

  1. Vai acontecer várias vezes de a fome não estar compatível com a quantidade de comida prescrita. Isso acontece porque a nossa fome não é igual todos os dias, e isso é normal. Então, terá dias em que a pessoa vai comer mesmo sem estar com fome porque estava prescrito. Assim como terá dias que a pessoa ficará com fome porque a quantidade prescrita não foi suficiente.
  2. Vai trazer muita ansiedade porque, além de já acordar sabendo tudo o que poderá comer no café da manhã, almoço, lanches e jantar, ela não saberá se passará fome ou não naquele dia.
  3. Também vai acontecer de a pessoa se obrigar a comer alimentos e preparos que ela não estava com vontade. Mas, como estava prescrito e ela não podia se desviar da prescrição, comerá mesmo sem ter satisfação com aquela refeição.
  4. Por acreditar que não pode se desviar mas prescrição, mas desviando várias vezes, afinal, não tem como evitar, a pessoa começará a se sentir culpada. E ao acreditar que está errando, ela pode começar a construir uma relação transtornada com a comida. Essa relação é permeada por impulsos, por “dane-ses”, culpa, revolta, baixa auto confiança e auto estima. Assim, o ato de comer deixa de ser normal.

Como melhorar

Na nutrição comportamental a pessoa é conduzida a fazer as suas próprias escolhas e a tomar as suas próprias decisões, pois entendemos que as escolhas e decisões devem ser feitas a partir da nossa percepção do nosso próprio corpo. Para isso, será preciso se reconectar com o corpo/com os sinais do corpo.

Assim, a pessoa irá perceber que suas preferências e seus níveis de fome variam durante o dia, e conforme o dia, e isso é normal. Você faz xixi todos os dias na mesma frequência e quantidade? Fica se cobrando por estar com vontade de fazer xixi na “hora errada”, muito cedo ou muito tarde?

É muito importante que a pessoa retome a confiança em si mesma, no seu bem senso e no seu corpo. Só assim poderá tomar as próprias decisões sobre o quanto comer e tornar o ato de comer mais natural. Para isso, a abordagem do Comer Intuitivo é muito útil (ebook abaixo).

Pode ser um processo um pouco difícil no início, mas ainda assim deve ser bem mais difícil ter toda a sua alimentação pré estabelecida por alguém que te viu uma vez, na primeira consulta.

Minha opinião pessoal

Sinceramente, eu acho isso muito delicado. Por isso, eu pergunto se a pessoa quer receber um plano alimentar. Obviamente a maioria quer, e eu entendo que ela precise de um norte, de uma referência.

Porém, eu sempre explico que as quantidades são apenas referências, e que acima de tudo ela deve respeitar a sua fome e a sua saciedade. “Ah, nutri, mas eu não sei a diferença de nada disso!”. Bom, isso significa apenas que teremos mais aprendizados pela frente.

No início a pessoa pode se sentir um pouco “desamparada”, mas não é negligência do nutricionista comportamental. É apenas parte do processo e logo tudo vai voltando a fazer sentido.

Pessoas perfeccionistas

Pessoas com funcionamento mental muito rígido consigo mesmas, do tipo 8-80, podem acreditar que precisam de rédea curta porque não são “confiáveis”. Por isso, poderão ter mais dificuldade de se adaptar com essa abordagem. Mas, sinceramente, um dia ela terá que passar por isso, porque a fome é dinâmica, assim como a vida é dinâmica, assim como fazer xixi é dinâmico.

Não existem regras rígidas na vida, tudo é relativo, assim como muitas coisas no nosso corpo não controlamos. E, enquanto a pessoa levar a vida com extrema rigidez, bem como a sua fome e o seu corpo com rigidez, vai haver sofrimento. E, ao invés de controle, vai haver justamente o contrário: o descontrole.

A pessoa precisa passar pela experiência de se responsabilizar pelas suas decisões e fazer isso de forma autônoma, independente e com fluidez. Não acha? No curso para emagrecer Emagreça Motivado – a motivação para emagrecer que você precisa, tem um post que fala sobre como emagrecer de forma motivada e sem passar fome, que pode te interessar.

Nutrição comportamental e mudança da relação com a comida: a melhor “dieta” para emagrecer. Conheça mais o meu trabalho com emagrecimento!

Saiba mais a fundo sobre cada princípio no ebook do Comer Intuitivo

Linguagem de fácil entendimento para os leigos no assunto.

Conteúdo baseado no principal livro de Nutrição Comportamental.