O uso de antibióticos é essencial no tratamento de infecções bacterianas. Porém, seu impacto na microbiota intestinal pode trazer efeitos adversos, como diarreia, disbiose e até infecções oportunistas. Diante disso, o uso de probióticos durante e após a antibioticoterapia tem sido amplamente estudado. Mas, será que iniciar os probióticos antes do uso do antibiótico pode trazer benefícios adicionais?
O impacto dos antibióticos na microbiota
Os antibióticos não são seletivos na eliminação de bactérias, eles afetam tanto os microrganismos patogênicos quanto as bactérias benéficas que compõem a microbiota intestinal. Isso pode gerar um desequilíbrio intestinal, resultando em desconfortos gastrointestinais, aumento da permeabilidade intestinal e maior suscetibilidade a infecções, como a causada por Clostridioides difficile.
A estratégia do pré-condicionamento com probióticos
A ideia por trás do uso de probióticos antes da antibioticoterapia é reforçar a microbiota, tornando-a mais resiliente ao impacto dos antibióticos. Algumas cepas, como Lactobacillus rhamnosus GG e Saccharomyces boulardii, são conhecidas por sua capacidade de modular a microbiota intestinal e auxiliar na redução da diarreia associada a antibióticos.
Embora a maioria dos estudos foque no uso de probióticos durante e após o uso de antibióticos, alguns especialistas defendem que iniciar a suplementação de 5 a 7 dias antes pode melhorar a resposta do organismo ao tratamento e acelerar a recuperação da microbiota intestinal após o término do antibiótico.
O que dizem os estudos?
Atualmente, as evidências sobre essa estratégia ainda são limitadas. Afinal, a maioria dos estudos se concentra nos benefícios da administração concomitante de probióticos com antibióticos, demonstrando redução significativa na diarreia associada ao uso dessas medicações. No entanto, pesquisas específicas sobre o uso prévio de probióticos ainda são escassas e inconclusivas.
Diretrizes internacionais, como as da Organização Mundial de Gastroenterologia, recomendam o uso de probióticos junto com antibióticos. Mas, não há consenso sobre a necessidade de um pré-condicionamento.
Vale a pena?
Apesar da falta de estudos robustos sobre o uso pré-antibiótico de probióticos, essa estratégia pode ser considerada para indivíduos com histórico de desconfortos gastrointestinais durante antibioticoterapia ou aqueles que já apresentam disbiose intestinal. No entanto, a escolha da cepa e da dosagem deve ser feita com orientação profissional.
Recomendações finais:
- Início da Suplementação: é aconselhável iniciar a ingestão de probióticos logo no início do tratamento com antibióticos e continuar por alguns dias após a conclusão da terapia. Isso ajuda a restaurar e manter o equilíbrio da microbiota intestinal.
- Intervalo entre Antibiótico e Probiótico: para maximizar a eficácia, recomenda-se tomar o probiótico com um intervalo mínimo de duas horas após a administração do antibiótico. Isso ajuda a evitar que o antibiótico elimine as bactérias benéficas presentes no probiótico.
- Escolha da Cepa: nem todos os probióticos são iguais. É fundamental selecionar cepas específicas que tenham demonstrado eficácia na prevenção de diarreia associada a antibiótico ou na diminuição do risco de infecção por Clostridioides difficile. Consultar um profissional de saúde pode auxiliar na escolha adequada.
- Populações Especiais: indivíduos com sistema imunológico comprometido ou condições de saúde específicas devem consultar um médico antes de iniciar a suplementação com probióticos, devido ao risco potencial de infecções oportunistas.
Em resumo, a suplementação com probióticos durante e após a terapia com antibióticos pode oferecer benefícios significativos na manutenção da saúde intestinal e na prevenção de complicações associadas ao uso de antibióticos. No entanto, é essencial escolher produtos de qualidade e seguir as orientações de um profissional de saúde para garantir a segurança e eficácia do tratamento. Se você vai iniciar um tratamento com antibióticos e deseja minimizar os impactos na microbiota intestinal, converse com um gastroenterologista ou nutricionista para entender qual a melhor abordagem para o seu caso.
Referências:
Link: https://braspenjournal.org/article/63e16166a95395467c5234c5/pdf/braspen-34-1-100.pdf
Link: https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/probiotics-and-prebiotics-portuguese-2017.pdf