Nutricionista Adriana Lauffer

Recebi diagnóstico de SII, e agora?

diagnóstico de sii

Receber um diagnóstico de SII (síndrome do intestino irritável) costuma gerar vários questionamentos, como: “qual é o problema do meu intestino, afinal?”, ou “como que vou tratar se não sei bem que alterações são essas?”, ou “porque não aparece nada em exames?”, ou “porque para alguns a medicação funciona e para outros não, ou a alimentação funciona para uns para outros não?”

Vem comigo que eu vou te explicar!

O que é um distúrbio “funcional”?

A SII é um distúrbio gastrointestinal funcional. Isso quer dizer que as causas dos sintomas da SII são originadas por alterações de:

  • motilidade, responsável pela regulação dos movimentos do intestino
  • sensibilidade visceral, que causa dor
  • alterações de mucosa intestinal
  • microbiota intestinal e
  • comunicação do cérebro com intestino

Antigamente, as doenças funcionais eram tidas como basicamente de origem psicológica ou psicossomática. Assim, muitos pacientes ficavam um pouco chateados e negavam o diagnóstico, pois pensavam assim: “Ah quer dizer que é tudo da minha cabeça?

Atualmente, o significado do termo “funcional” não é mais esse. O termo “funcional” é utilizado nos casos em que as funções normais do trato gastrointestinal estão alteradas (as alterações citadas acima: motilidade dos intestinos, sensibilidade das vísceras, mucosa e microbiota intestinal e a comunicação entre o cérebro e o intestino).

O ponto é que alterações nessas funções não são detectadas em exames como endoscopia, colonoscopia e exames de imagem, pois esses exames detectam apenas anormalidades estruturais. Por isso, distúrbios como a SII, até o momento, são diagnosticados baseados na presença de sintomas típicos e na ausência de doenças orgânicas detectadas nesses exames.

Concluindo, a SII é um distúrbio intestinal funcional, que engloba um conjunto de sintomas gastrointestinais crônicos. Esses sintomas são caracterizados por dor abdominal, distensão abdominal e hábitos intestinais alterados. Esses sintomas causadas por distúrbios de função, que não detectadas nos exames de rotina.

O sintoma predominante

Um outro ponto importante é o seguinte, dependendo o tipo de alteração predominante no seu caso é uma determinada conduta que trará melhora dos sintomas. Por exemplo, se a pessoa que tem SII tem os sintomas disparados por distúrbio de motilidade, o uso de um medicamento regulador da motilidade e alguns cuidados específicos com a alimentação e na forma de comer vão ajudar. Mas, se a pessoa tem sintomas de SII devido à sensibilidade visceral aumentada, provavelmente manejo do estresse, com terapia, meditação, ioga, uso de ansiolítico ou antidepressivo ajudará. No entanto, se a mucosa intestinal está inflamada, com permeabilidade aumentada e microbiota alterada, além do manejo do estresse, a melhora significativa da alimentação será importante.

É claro que cuidados com alimentação e qualidade de vida são importantes em todos os aspectos ditos antes (- distúrbios de motilidade, – aumento de sensibilidade visceral, – função da mucosa intestinal alterada, – microbiota intestinal alterada, – comunicação do cérebro com intestino alterada). Mas, dependendo de qual sintoma está predominando e qual a possível origem dele, o foco maior do tratamento muda. Então, se você usou medicamento mas não teve uma melhora significativa, tente mudanças na sua qualidade de vida, ou cuide mais da sua saúde mental, ou cuide mais da qualidade da sua alimentação.

A dieta para SII

Falando mais especificamente sobre a alimentação, o protocolo de dieta que mais traz resultado aos pacientes, com excelente resposta de melhora dos sintomas normalmente em 70% deles, é a dieta low fodmap. Essa é uma dieta que foi criada por um grupo de pesquisadores, liderados pela sumidade Peter Gibson, da universidade de Monash, na Australia.

A dieta parte do princípio de que alguns carboidratos, chamados de fodmaps, fermentam muito no intestino grosso. Essa fermentação contribui para os sintomas de dor, distensão e alteração do hábito intestinal. Baseado nisso, eles criaram a dieta baixa em fodmaps, ou seja, uma dieta de baixa fermentação. É uma conduta já bastante consolidada no meio científico há mais de 10 anos.

É importante ressaltar que esses alimentos ricos em fodmaps e a fermentação que eles geram no intestino grosso, não é patológica para nosso organismo e nosso intestino. A questão é que pessoas com SII percebem mais os desconfortos dessa fermentação, por terem uma sensibilidade maior nas vísceras, ou tem maior fermentação pela presença de disbiose, por exemplo.

Para finalizar esse vídeo, vou repetir o seguinte: dependendo de qual sintoma está predominando e qual a possível origem dele, o foco maior do tratamento muda. Então, se você usou medicamento mas não teve uma melhora significativa, tente mudanças na sua qualidade de vida, ou cuide mais da sua saúde mental, ou cuide mais da qualidade da sua alimentação ou tente uma estratégia de dieta para tratar a SII, como a dieta low fodmap. O fato de vc não ter melhorado na primeira tentativa de tratamento não significa que o seu caso não tenha jeito. 

Interessado em fazer o protocolo Fodmap?

Aqui abaixo você encontra uma Lista de alimentos low Fodmap em português, confiável, baseada nas orientações da Universidade de Monash, bem como um Livro de receitas low Fodmap e uma sugestão de cardápio low Fodmap para que você consiga fazer a fase de exclusão do protocolo mantendo uma alimentação equilibrada, adequada em fibras e variada, mesmo sem orientação profissional. Para os passos seguintes do protocolo é preciso de um profissional experiente para orientar como fazer os testes, para interpretá-los e sobre como personalizar a sua alimentação. Lembre-se que não é indicado manter a fase de exclusão da dieta de exclusão por mais que 6 semanas. Além disso, o acompanhamento profissional é importante porque parte dos pacientes possuem outras condições clínicas associadas que o protocolo não resolverá por completo e, portanto, necessita de condutas adicionais.