Nutricionista Adriana Lauffer

Dieta Fodmap: os objetivos e os passos do protocolo

Dieta Fodmap: os objetivos e os passos do protocolo

A dieta Fodmap existe há mais de 10 anos e apenas recentemente vem sendo mais falada no Brasil. O protocolo é pautado cientificamente, tem várias aplicabilidades, é permeado por vários mitos e com frequência não é orientado corretamente, conforme a equipe de pesquisadores da Universidade de Monash que o desenvolveu preconiza. Mas afinal, quais são os objetivos e os passos do protocolo Fodmap oficial da Universidade de Monash?

A dieta FODMAP é um protocolo utilizado para ajudar a controlar os sintomas da síndrome do intestino irritável (SII) diagnosticada clinicamente. A SII é um problema intestinal muito comum com sintomas que incluem dor abdominal (barriga), inchaço, flatulência (gases) e alterações no hábito intestinal (diarreia, constipação ou ambos).

Objetivos da dieta Fodmap

Os objetivos da dieta são aprender quais alimentos fontes de FODMAPs você tolera e quais quantidades desencadeiam seus sintomas da SII. Entender isso ajudará você a seguir uma dieta menos restritiva e nutricionalmente equilibrada a longo prazo, que restringe apenas os alimentos que desencadeiam em você os sintomas da SII.

Para quem tenta fazer sozinho o protocolo, as dificuldades já começam aí: quais alimentos restringir? Afinal, existem diversas tabelas de alimentos low fodmap na internet, mas cujas informações estão desatualizadas ou não são confiáveis.

Mas, a questão é que também depende se os seus sintomas da SII são responsivos aos FODMAPs, pois nem todos os pacientes com SII melhorarão com uma dieta baixa em FODMAP. Portanto, é importante entender se você está entre os ¾ dos pacientes com SII que melhoram com a dieta ou entre os ¼ dos pacientes com SII que não apresentam melhora dos sintomas na dieta e, portanto, precisam considerar outras terapias para SII.

Passos da dieta Fodmap

A dieta FODMAP é um protocolo de 3 etapas:

Passo 1 da dieta Fodmap

Na Etapa 1, siga a Dieta Low FODMAP da Monash University, trocando alimentos ricos em FODMAP em sua dieta por alternativas com baixo teor de FODMAP. Por exemplo, se você normalmente come pão de trigo com mel no café da manhã, pode trocar por pão de farinha de arroz com geleia.

O Guia Alimentar do App Monash FODMAP é muito útil nessa etapa da dieta. Use o sistema simples de semáforo para identificar alimentos FODMAP altos (vermelhos) e moderados (amarelo) que você trocará por alternativas FODMAP baixas (verdes). Aqui você encontra uma Lista de alimentos low Fodmap em português, baseada no Guia Alimentar da Universidade de Monash.

Siga a dieta do Passo 1 por 2-6 semanas. Se seus sintomas melhoraram após 2-6 semanas na dieta da Etapa 1, é hora de passar para a dieta da Etapa 2.

Se eles não melhorarem, pode ser que seus sintomas de SII não sejam sensíveis aos FODMAPs e que você precise considerar outras terapias, como redução do estresse, hipnoterapia direcionada ao intestino, medicamentos de venda livre, como suplementos de fibra ou prescrição medicamentos. Também pode ser que você não tenha necessariamente SII, mas tenha SIBO, SIFO ou algum outro tipo de sensibilidade alimentar.

Passo 2 da dieta Fodmap

Na Etapa 2, você continua sua dieta baixa em FODMAP (conforme a etapa 1). No entanto, você fará uma série de “desafios FODMAP” para identificar quais FODMAPs você tolera e quais desencadeiam sintomas. Os “desafios” envolvem comer um alimento rico em apenas 1 grupo de FODMAP, diariamente, por 3 dias. Durante esses 3 dias, monitorar e anotar quais sintomas sentiu e a intensidade dos mesmos.

Os alimentos recomendados para os testes são aqueles alimentos que contêm grandes quantidades de um tipo de FODMAP para não confundir o teste. Por exemplo, o leite é rico em lactose, mas não contém outros FODMAPs. Alimentos muito comuns (como maçã, pêra, certas leguminosas e produtos de trigo) que são ricos em dois tipos de FODMAP vão confundir a interpretação do teste.

Passo 3 da dieta Fodmap

Na Etapa 3, o objetivo é relaxar ao máximo as restrições alimentares, expandir a variedade de alimentos incluídos em sua dieta e estabelecer uma “dieta FODMAP personalizada” para o longo prazo. Nesta etapa, alimentos FODMAPs bem tolerados são reintroduzidos em sua dieta, enquanto alimentos mal tolerados e FODMAPs são restritos, mas apenas a um nível que forneça alívio dos sintomas. Recomenda-se repetir os desafios de alimentos FODMAPs mal tolerados ao longo do tempo para ver se sua tolerância muda.

Passo 4 da dieta Fodmap

Esse passo foi criado por mim a partir da minha experiencia prática. Envolve um último encontro 60 dias após a personalização da alimentação para avaliar se você está conseguindo administrar sozinho a sua alimentação low fodmap tendo o mínimo de sintomas possível.

Lembre-se que o ideal é que você seja orientado por um profissional que tenha experiencia no protocolo. Por mais que você encontre uma Lista de alimentos low Fodmap em português, confiável, baseada nas orientações da Universidade de Monash, é bem provável que você não consiga fazer a exclusão e mantendo uma alimentação equilibrada, adequada em fibras e variada sem orientação profissional. Além disso, para os passos seguintes é preciso de um profissional experiente para orientar e interpretar os testes. Lembre-se que a dieta de exclusão não deve ser mantida mais que 6 semanas.

Interessado em fazer o protocolo Fodmap?

Aqui abaixo você encontra uma Lista de alimentos low Fodmap em português, confiável, baseada nas orientações da Universidade de Monash, bem como um Livro de receitas low Fodmap e uma sugestão de cardápio low Fodmap para que você consiga fazer a fase de exclusão do protocolo mantendo uma alimentação equilibrada, adequada em fibras e variada, mesmo sem orientação profissional.

Para os passos seguintes do protocolo é preciso de um profissional experiente para orientar como fazer os testes, para interpretá-los e sobre como personalizar a sua alimentação. Lembre-se que não é indicado manter a fase de exclusão da dieta de exclusão por mais que 6 semanas. Além disso, o acompanhamento profissional é importante porque parte dos pacientes possuem outras condições clínicas associadas que o protocolo não resolverá por completo e, portanto, necessita de condutas adicionais.