Borborigmos são os sons produzidos pelo movimento do conteúdo gastrointestinal e são comumente associados ao processo de digestão. Esses ruídos audíveis, como um borbulhar ou ronco no abdômen, ocorrem devido às contrações musculares do trato gastrointestinal, conhecidas como peristaltismo. Embora sejam considerados normais e parte do funcionamento saudável do sistema digestivo, os borborigmos podem ser desconfortáveis ou embaraçosos para algumas pessoas. Neste post, veremos as causas dos borborigmos, estratégias para diminuí-los e quando buscar atendimento médico se necessário.

O que é “borborigmos”

O termo “borborigmos” tem origem no grego antigo “borborygmos”, que significa “borbulhar” ou “murmurar”, uma nomenclatura escolhida para descrever os sons característicos produzidos pelo trato gastrointestinal. Na medicina, refere-se aos ruídos audíveis (como borbulhares ou roncos abdominais) causados pelo movimento do conteúdo através do sistema digestivo durante o processo de digestão. Esses sons são produzidos pelas contrações musculares do trato gastrointestinal, conhecidas como peristaltismo, que auxiliam na movimentação dos alimentos e resíduos pelo corpo.

Causa dos borborigmos

Várias condições e fatores podem influenciar a produção desses sons intestinais:

1. Peristaltismo normal: as contrações rítmicas dos músculos intestinais que movimentam o conteúdo ao longo do trato digestivo naturalmente produzem sons. Aproximadamente duas horas após o esvaziamento do estômago, o cérebro envia sinais para reiniciar o peristaltismo, gerando os característicos sons abdominais.
2. Estômago vazio: os borborigmos são frequentemente mais audíveis durante períodos de jejum, quando o estômago está vazio. Isto ocorre porque há menos conteúdo para amortecer os sons produzidos pelas contrações musculares e pelo movimento de pequenas quantidades de gases e líquidos.
3. Gases intestinais: o acúmulo de gases no sistema digestivo aumenta a intensidade dos borborigmos. Estes gases podem ser provenientes da ingestão de ar durante a alimentação ou fala, do consumo de bebidas carbonatadas, ou da fermentação bacteriana de certos alimentos no intestino.
4. Alimentação: certos alimentos têm maior propensão a gerar gases intestinais, como feijões, repolho, brócolis, cebola, alimentos ricos em fibras e refrigerantes. Assim, o consumo desses itens pode aumentar a frequência e intensidade dos borborigmos.
5. Digestão rápida ou incompleta: quando o alimento se move rapidamente pelo sistema digestivo ou não é completamente digerido, pode ocorrer maior produção de gases e consequentemente sons mais audíveis.
6. Condições médicas: algumas condições como síndrome do intestino irritável, intolerâncias alimentares (como à lactose ou ao glúten), alterações da motilidade intestinal e infecções gastrointestinais podem alterar o padrão e a intensidade dos borborigmos.
7. Estresse e ansiedade: fatores emocionais podem afetar a motilidade intestinal através do eixo intestino-cérebro, aumentando ou alterando os sons intestinais.

Resumindo:

Sim, você está correto. Os borborigmos são causados pela combinação desses três fatores:

1. Peristaltismo: as contrações musculares rítmicas do trato gastrointestinal (peristaltismo) são responsáveis por movimentar os alimentos, líquidos e gases através do sistema digestivo. Essas contrações criam os sons característicos que reconhecemos como borborigmos.
2. Gases: o movimento dos gases através do intestino é uma causa importante dos borborigmos. Esses gases podem ser provenientes do ar engolido durante a alimentação, de bebidas carbonatadas ou da fermentação bacteriana de alimentos no intestino.
3. Líquidos: o movimento dos líquidos gastrointestinais (incluindo secreções digestivas e conteúdo líquido dos alimentos) também contribui para a produção dos sons, especialmente quando interagem com os gases presentes no sistema.

Quando esses elementos (contrações musculares, gases e líquidos) interagem no espaço oco dos intestinos, produzem as vibrações acústicas que percebemos como borborigmos. A intensidade e o tipo de som dependem da quantidade relativa de cada um desses componentes e da velocidade das contrações peristálticas.

Os borborigmos são geralmente inofensivos, mas quando acompanhados de sintomas como dor abdominal intensa, diarreia persistente, sangue nas fezes ou perda de peso não intencional, podem indicar condições que demandam avaliação médica. O manejo dos borborigmos excessivos frequentemente envolve mudanças na alimentação, gerenciamento do estresse e, quando necessário, tratamento de condições gastrointestinais subjacentes.

Como diminuir os borborigmos

Existem algumas estratégias que podem ajudar a diminuir os borborigmos ou torná-los menos audíveis. No entanto, é importante ressaltar que os borborigmos são um processo natural do sistema digestivo e não precisam ser necessariamente eliminados. Aqui estão algumas sugestões que podem ajudar a reduzir a intensidade dos ruídos:

1. Alimentação equilibrada: consuma refeições balanceadas, ricas em fibras e com baixo teor de gordura. Isso pode ajudar a regular o trânsito intestinal e reduzir a produção de gases no sistema digestivo.
2. Evite alimentos que causam gases: tente identificar quais alimentos que causam gases e desencadeiam mais borborigmos em você e reduza o consumo deles. Afinal, alguns alimentos são conhecidas por aumentar a produção de gases intestinais, como feijão, brócolis, repolho, cebola, refrigerantes e alimentos fritos.
3. Mastigar bem os alimentos: mastigar adequadamente os alimentos ajuda na digestão e pode diminuir a quantidade de ar que você engole junto com a comida. Isso pode reduzir a formação de gases e, consequentemente, os borborigmos.
4. Evite bebidas gaseificadas: evite bebidas gaseificadas, como refrigerantes, água com gás e outras bebidas carbonatadas, pois aumentam a quantidade de gás no sistema digestivo.
5. Evite mastigar chicletes e evite falar enquanto come: tanto o ato de mastigar chicletes quanto falar enquanto come podem levar à ingestão excessiva de ar, o que pode contribuir para o aumento dos borborigmos.
6. Faça refeições menores e mais frequentes: em vez de fazer grandes refeições, procure fazer refeições menores e mais frequentes ao longo do dia. Isso pode ajudar a manter o sistema digestivo em um ritmo mais constante e reduzir a intensidade dos borborigmos.
7. Evite o estresse: o estresse pode afetar o sistema digestivo e aumentar a produção de ácido gástrico, o que pode contribuir para os borborigmos. Pratique técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda ou exercícios físicos regulares, para ajudar a reduzir o estresse.

Conclusão

Os borborigmos são fenômenos naturais do funcionamento do sistema digestivo e, na maioria dos casos, não representam motivo de preocupação. No entanto, compreender suas causas e implementar algumas mudanças simples nos hábitos alimentares pode ajudar a reduzir sua frequência e intensidade, proporcionando maior conforto no dia a dia.

No entanto, é importante estar atento quando esses ruídos são acompanhados de sintomas como dor intensa, alterações no ritmo intestinal ou sangramento, situações que exigem avaliação médica. Lembre-se de que cada organismo é único, e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra – por isso, observe seu corpo e faça ajustes personalizados para manter seu sistema digestivo funcionando de maneira saudável e equilibrada.

Referências

1. Boland, M. (2016). Human digestion—a processing perspective. Journal of Science of Food and Agriculture, 96(7), 2275–2283.
2. Campbell, F. C., Stobie, D., & Gunn, A. A. (1989). Surface Vibration Analysis and Abdominal Sound Recording in the Diagnosis of Acute Appendicitis. British Journal of Surgery, 76(11), 1220-1221.
3. Konturek, P. C., Brzozowski, T., & Konturek, S. J. (2011). Stress and the gut: pathophysiology, clinical consequences, diagnostic approach and treatment options. Journal of Physiology and Pharmacology, 62(6), 591–599.
4. MacDonald, J. A. (2008). Smooth muscle phenotypic plasticity in mechanical obstruction of the small intestine. Neurogastroenterology & Motility, 20(7), 737-740.
5. Svedlund, J., Sjödin, I., & Dotevall, G. (1988). GSRS—A clinical rating scale for gastrointestinal symptoms in patients with irritable bowel syndrome and peptic ulcer disease. Digestive Diseases and Sciences, 33(2), 129-134.
6. Tack, J., & Janssen, P. (2010). Gastroduodenal motility. Current Opinion in Gastroenterology, 26(6), 647-655.
7. Yin, J., & Chen, J. D. (2010). Gastrointestinal motility disorders and acupuncture. Autonomic Neuroscience, 157(1-2), 31-37.