Nutricionista Adriana Lauffer

Probióticos para ansiedade e depressão

Probióticos para ansiedade e depressão

Manipular a microbiota intestinal em benefício da saúde mental é um conceito que vem tornando-se amplamente reconhecido. Com isso, surgiram os probióticos específicos para tratamento de ansiedade e depressão.

Probióticos e saúde mental

Os probióticos são microrganismos vivos que oferecem benefícios à saúde quando consumidos em quantidades adequadas. Eles têm sido estudados não apenas por sua influência positiva no sistema gastrointestinal, mas também por seu impacto potencial no eixo cérebro-intestino. Por isso, nos últimos anos, a pesquisa sobre o papel dos probióticos na saúde mental, especificamente no manejo da ansiedade e depressão, tem despertado considerável interesse.

Esta relação entre o microbioma intestinal e a saúde mental tem instigado investigações para compreender como os probióticos podem modular os processos neurobiológicos, influenciando estados de ansiedade e depressão. Portanto, explorar o potencial terapêutico dos probióticos nesse contexto oferece perspectivas promissoras e abre portas para estratégias inovadoras no tratamento desses distúrbios psicológicos.

Vincular fenótipos bacterianos específicos a determinados quadros clínicos é um passo necessário para entender melhor como a microbiota pode ser usada em tratamentos de saúde mental. Os estudos em humanos são limitados, embora haja fortes evidências de que os prebióticos e os probióticos modulam os processos emocionais e a resposta neuroendócrina ao estresse. Esses probióticos estão sendo chamados, por estas ações mais específicas, de Psicobióticos.

Estudos com psicobióticos

Estudos com roedores que demonstram alterações neurobiológicas após a ingestão de prebióticos. Já, os probióticos estão lentamente emergindo, e até agora revelou benefícios significativos, incluindo ações anti-inflamatórias e neuroprotetoras.

O uso de probióticos específicos em testes com animais também levou a uma diminuição de níveis de noradrenalina no hipocampo. Esse efeito é semelhante ao uso de um antidepressivo tricíclico, a amitriptilina, que estaria associado a uma melhor resposta ao estresse.

Sabe-se que 20% das pessoas após Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) desenvolvem depressão. Nesse sentido, um grupo de pesquisadores testou o que aconteceria após o IAM em ratos que utilizaram probióticos específicos. Eles administraram aos ratos as cepas Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175. Ao final, eles encontraram uma diminuição dos sintomas depressivos, além da restauração da permeabilidade intestinal nos ratos.

Vários estudos que se concentraram no reforço de populações bacterianas, em particular o Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175, resultaram em melhora significativa do bem-estar em voluntários humanos saudáveis após 30 dias de ingestão. Além disso, pacientes com síndrome da fadiga crônica tiveram melhora desses sintomas após 60 dias de ingestão.

Ambas as cepas são sugeridas, em particular, por apresentarem um efeito benéfico sobre a resposta ao estresse e ao transtorno ansioso e depressivo. Nesse sentido, outro estudo levantou a hipótese de que as contagens de Bifidobacterium e Lactobacillus são diminuídas na microbiota intestinal de pacientes com ansiedade e depressão. Foram coletas amostra fecais de 43 pacientes diagnosticados com estes quadros de saúde mental e 57 controles saudáveis.

Os resultados mostraram populações de Bifidobacterium e de Lactobacillus reduzidas em pacientes com ansiedade e depressão. Esses dados fornecem uma nova visão sobre a fisiopatologia destes quadros e contribuindo para maiores e melhores pesquisas futuras sobre o uso de pré e probióticos como tratamento auxiliar de ansiedade e depressão.

Conclusão

Esses e outros estudos sugerem que a combinação de Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175 podem oferecer uma abordagem terapêutica auxiliar inovadora e útil para distúrbios neuropsiquiátricos e/ou terapias complementares, sem o risco de desenvolvimento de quadros de dependência.

A melhor compreensão dos processos que regem, regulam e interferem com os quadros ansiosos tem tido uma elucidação maior nos últimos tempos. A evolução destes conceitos, do papel da microbiota intestinal e seu melhor entendimento permitirá o desenvolvimento de abordagens cada vez mais personalizadas. Em especial para o acompanhamento de pessoas que não respondem satisfatoriamente aos tratamentos convencionais, e ainda se beneficiarão de medidas complementares que melhoram a saúde global.