A recomendação de evitar o consumo de sementes e grãos na diverticulose é um mito que precisa ser esclarecido de uma vez por todas. Estudos científicos extensos já comprovaram há mais de 10 anos que essa recomendação é desnecessária.
Historicamente, as dietas sem sementes têm sido recomendadas para pacientes com diverticulose por preocupação de que oleaginosas, sementes, milho e pipoca, por não serem completamente digeridos, poderiam obstruir, irritar ou inflamar um divertículo, levando à diverticulite e aumentando o risco de perfuração.
No entanto, atualmente (na verdade, há mais de 10 anos), não existem evidências que respaldem essa recomendação. Apesar disso, ainda hoje os pacientes com diverticulose são frequentemente orientados a evitar sementes e grãos em sua dieta.
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Estudos realizados
Um estudo teve como objetivo determinar se o consumo de oleaginosa, milho e pipoca está associado com diverticulite e sangramento dos divertículos. Os pesquisadores utilizaram os dados de um estudo de coorte em que os participantes foram acompanhados de 1986 a 2004.
O estudo incluiu 47.228 homens entre 40 a 75 anos que, quando começaram o estudo, não tinham diverticulose ou complicações devido a ela, nem outras doenças intestinais cujos sintomas poderiam se confundir, e respondiam a questionários sobre a alimentação.
Durante os 18 anos de acompanhamento, os pesquisadores analisaram episódios de diverticulite ou sangramento de divertículos dos indivíduos. Durante esse período, aconteceram 801 casos de diverticulite e 383 casos de sangramento diverticular.
Eles encontraram associação inversa entre o consumo de oleaginosa e milho e o risco de diverticulite. Além disso, eles compararam também o consumo das pessoas que comiam muito desses alimentos: pessoas que consumiam 2 vezes por semana com as pessoas que comiam pouco, menos de uma vez por mês.
Ainda assim, os pesquisadores não encontraram associação positiva entre o consumo dos alimentos e os desfechos pesquisados (diverticulite ou sangramento dos divertículos).
Nesse grande estudo ficou claro que a recomendação de evitar esses alimentos para prevenir crises deve ser reconsiderada. E esse foi um estudo realizado em 2008, já é antigo, hein…
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Referências utilizadas: estudo na revista JAMA e estudo na revista Nutrition in Clinical Practice.