Nutricionista Adriana Lauffer

Chás e suas indicações terapêuticas: um guia baseado em evidências

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Os chás representam uma das formas mais antigas de medicina em diversas culturas ao redor do mundo, oferecendo benefícios que vão muito além do simples prazer gustativo. Atualmente, a ciência confirma o que a sabedoria tradicional já apontava há milênios: diferentes ervas possuem compostos bioativos capazes de promover a saúde e aliviar diversas condições. Neste artigo, vamos explorar os principais tipos de chás e suas indicações terapêuticas, fundamentando nossas explicações em estudos científicos recentes.

Chá verde: o antioxidante por excelência

O chá verde destaca-se como uma potente fonte de catequinas, especialmente a epigalocatequina galato (EGCG), que age diretamente contra os radicais livres em nosso organismo. Consequentemente, este chá apresenta notáveis propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, auxiliando na prevenção de doenças cardiovasculares e reduzindo significativamente o risco de certos tipos de câncer. Além disso, pesquisas recentes demonstram que o consumo regular de chá verde acelera o metabolismo e potencializa a queima de gordura, tornando-o um excelente aliado para quem busca controle de peso. No entanto, devido à presença de cafeína, embora em menor quantidade que o café, recomenda-se cautela no consumo noturno ou por pessoas sensíveis a estimulantes.

Camomila: o calmante natural

A camomila, por sua vez, contém apigenina, um flavonoide que se liga aos mesmos receptores cerebrais que medicamentos ansiolíticos, porém sem causar dependência. Portanto, seu uso é particularmente indicado para casos de ansiedade, insônia e estresse. Adicionalmente, esta erva possui propriedades anti-inflamatórias que beneficiam o sistema digestivo, embora algumas pessoas com síndrome do intestino irritável sejam sensíveis ao frutano presente na camomila. Sua segurança é tão reconhecida que muitos pediatras inclusive recomendam o chá de camomila para bebês com cólicas, evidenciando sua versatilidade terapêutica.

Gengibre: o anti-inflamatório digestivo

O chá de gengibre, preparado com a raiz fresca ou em pó, contém gingeróis e shogaóis, compostos que combatem ativamente processos inflamatórios no organismo. Primeiramente, esta bebida demonstra grande eficácia contra hipocloridria e má digestão, náuseas e vômitos, inclusive aqueles associados à gravidez ou quimioterapia. Além disso, estudos clínicos comprovam que o consumo regular de gengibre reduz dores articulares em pacientes com artrite reumatoide e osteoartrite, funcionando como um anti-inflamatório natural. Finalmente, o gengibre estimula a digestão e a motilidade intestinal, sendo, portanto, indicado para pessoas com digestão lenta ou constipação.

Hortelã-pimenta: o alívio gastrointestinal

A hortelã-pimenta possui mentol, composto que relaxa a musculatura lisa do trato digestivo. Consequentemente, este chá proporciona alívio significativo para condições como síndrome do intestino irritável, cólicas abdominais e dispepsia funcional. Estudos controlados mostram que a hortelã-pimenta reduz efetivamente a intensidade e frequência dos espasmos intestinais, sintoma comum em várias desordens digestivas. Além disso, esta erva aromática apresenta propriedades antimicrobianas e expectorantes, sendo também útil no tratamento de congestão nasal e tosse. No entanto, pessoas com refluxo gastroesofágico devem consumir este chá com moderação, já que o mentol pode relaxar o esfíncter esofágico inferior.

Hibisco: o regulador da pressão arterial

O hibisco, com sua característica coloração avermelhada, contém antocianinas e polifenóis que atuam diretamente na saúde cardiovascular. Pesquisas clínicas demonstram que o consumo regular deste chá reduz significativamente a pressão arterial em pacientes hipertensos, oferecendo uma alternativa natural para complementar tratamentos convencionais. Além disso, o hibisco diminui a absorção de carboidratos, auxiliando no controle glicêmico, e reduz os níveis de colesterol LDL, popularmente conhecido como “colesterol ruim”. Contudo, esta bebida possui propriedades diuréticas, portanto deve ser consumida com cautela por pessoas que utilizam medicamentos para controle da pressão ou diuréticos.

Erva-Doce: o anti-gases

A erva-doce contém anetol, um composto que estimula diretamente a produção de enzimas digestivas. Consequentemente, este chá facilita a digestão de alimentos pesados e reduz a formação de gases intestinais, atuando como um eficaz carminativo natural. Além disso, estudos demonstram que a erva-doce possui propriedades antiespasmódicas, aliviando cólicas em bebês e adultos. Curiosamente, pesquisas recentes apontam que esta erva também pode aumentar a produção de leite em mulheres lactantes, embora seu uso para esta finalidade deva ser discutido com profissionais de saúde.

Considerações sobre o consumo de chás

Embora os chás ofereçam diversos benefícios terapêuticos, algumas precauções devem ser observadas. Primeiramente, pessoas com condições médicas pré-existentes ou em tratamento medicamentoso devem consultar profissionais de saúde antes de iniciar o consumo regular de qualquer infusão. Além disso, gestantes e lactantes precisam de orientação específica, pois nem todas as ervas são seguras nestes períodos. Finalmente, a qualidade das ervas é fundamental para garantir os benefícios e evitar contaminações, dando-se preferência a produtos orgânicos e de fornecedores confiáveis.

Conclusão

Os chás representam uma abordagem natural e eficaz para complementar a promoção da saúde e o tratamento de diversas condições. A ciência moderna valida cada vez mais o conhecimento tradicional sobre as propriedades terapêuticas dessas bebidas milenares. Portanto, incorporar diferentes tipos de chá ao seu dia a dia pode constituir uma estratégia simples e prazerosa para melhorar sua qualidade de vida, sempre considerando as indicações específicas de cada erva e respeitando as particularidades do seu organismo.

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