Nutricionista Adriana Lauffer

Urticária crônica espontânea e alimentação

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A relação entre urticária crônica espontânea (UCE) e alimentação é um tema intrigante e complexo que tem despertado o interesse tanto de pacientes quanto de profissionais de saúde. A presença persistente de urticária e coceira na pele, sem uma causa óbvia, por mais de seis semanas, caracteriza essa condição. No entanto, pesquisas têm investigado a possibilidade de que certos alimentos possam influenciar a ocorrência e intensidade dos surtos de urticária.

Embora a alimentação não seja uma causa direta da UCE, evidências sugerem que certos alimentos, aditivos alimentares e compostos podem desencadear ou exacerbar os sintomas em algumas pessoas. Este cenário levanta questionamentos sobre a influência da dieta no curso da UCE e a busca por estratégias dietéticas que possam ajudar no manejo dessa condição cutânea debilitante. Nesse post vamos explorar as conexões entre alimentação e UCE, considerando possíveis desencadeadores, estratégias alimentares sugeridas e o papel da orientação profissional na busca por soluções personalizadas.

Urticária crônica espontânea e alimentação: há relação?

A relação entre alimentação e UCE pode ser complexa e variável de pessoa para pessoa. Embora a alimentação não seja uma causa direta da UCE, em algumas pessoas, certos alimentos ou aditivos alimentares podem desencadear ou agravar os sintomas de urticária. No entanto, é importante ressaltar que a maioria dos casos de UCE não está diretamente ligada à alimentação.

Algumas maneiras pelas quais a alimentação pode estar relacionada à UCE incluem:

  1. Intolerâncias alimentares: algumas pessoas podem ter intolerâncias a certos alimentos, como frutos do mar, leite, ovos, nozes e corantes alimentares. A ingestão desses alimentos pode desencadear reações alérgicas, incluindo urticária, em indivíduos suscetíveis.
  2. Histamina e alimentos ricos em histamina: alimentos ricos em histamina, como queijos envelhecidos, embutidos, vinho tinto e certos alimentos fermentados, podem desencadear ou agravar sintomas de urticária em pessoas sensíveis à histamina.
  3. Aditivos alimentares: alguns aditivos alimentares, como corantes, conservantes e flavorizantes, podem desencadear reações alérgicas em algumas pessoas, levando a sintomas de urticária.
  4. Reações cruzadas: em alguns casos, reações cruzadas entre alérgenos alimentares e substâncias semelhantes presentes no ambiente (como pólen) podem desencadear urticária em pessoas propensas a alergias.
  5. Sensibilidade individual: certos componentes alimentares podem afetar algumas pessoas de maneira mais sensível, mesmo que esses componentes não sejam tradicionalmente considerados alérgenos. Isso pode incluir a sensibilidade a aminas biogênicas, que estão presentes em alguns alimentos.

É importante lembrar que a identificação de alimentos específicos como desencadeadores da UCE pode ser difícil, pois os sintomas podem não ocorrer imediatamente após a ingestão do alimento. Além disso, cada pessoa pode reagir de maneira diferente a diferentes alimentos.

A histamina desempenha um papel fundamental na UCE, e a liberação excessiva da mesma está envolvida na resposta inflamatória que leva ao desenvolvimento das lesões urticariformes na pele.

Urticária crônica espontânea e histamina: qual a relação?

A relação entre histamina e urticária crônica espontânea é a seguinte:

  1. Ativação de mastócitos: os mastócitos são células do sistema imunológico encontradas em todo o corpo, incluindo a pele. Quando estimulados por alérgenos, estresse, infecções ou outros fatores, os mastócitos podem liberar histamina e outras substâncias inflamatórias. Na UCE, os mastócitos estão frequentemente hiperativos, liberando histamina de forma inadequada em resposta a estímulos que normalmente não causariam uma reação.
  2. Efeitos da histamina: a histamina é uma substância química que causa dilatação dos vasos sanguíneos, aumento da permeabilidade vascular e contração dos músculos lisos. Esses efeitos combinados levam aos sintomas característicos da urticária, como a formação das lesões de urticária, que são caracterizadas por vermelhidão, inchaço e coceira na pele.
  3. Sintomas da UCE: os sintomas da UCE, como as lesões urticariformes e a coceira intensa, são diretamente resultantes da liberação excessiva de histamina e das reações que ela desencadeia na pele.
  4. Medicamentos antihistamínicos: frequentemente, os profissionais prescrevem medicamentos antihistamínicos para tratar a UCE. Eles funcionam bloqueando os receptores de histamina no corpo, reduzindo assim os efeitos da histamina e aliviando os sintomas.

É importante notar que a histamina não é a única substância envolvida na UCE, e outros mediadores inflamatórios também podem desempenhar um papel na condição. No entanto, a relação entre a histamina e a UCE é um aspecto central na compreensão da fisiopatologia dessa condição. Por isso que parte do tratamento envolve, frequentemente, o uso de medicamentos antihistamínicos.

Se você suspeitar que sua UCE está relacionada à alimentação, é aconselhável procurar orientação profissional. Afinal, um profissional poderá te orientar a respeito de testes de alergia e aconselhá-lo sobre estratégias alimentares que possam ajudar a gerenciar seus sintomas. O diagnóstico e tratamento adequados devem ser realizados sob a supervisão de um profissional de saúde qualificado.

Qual a melhor dieta para urticária crônica espontânea?

Não existe uma dieta universalmente “melhor” para pessoas com urticária crônica espontânea (UCE). Isso porque que as causas subjacentes da UCE podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, algumas abordagens dietéticas e considerações podem ser úteis para pessoas que buscam maneiras de gerenciar seus sintomas. Mas, é importante lembrar que você deve discutir qualquer mudança na dieta com um profissional de saúde para garantir que seja segura e adequada às suas necessidades individuais.

Podem ser consideradas algumas abordagens dietéticas:

  1. Eliminação de alérgenos conhecidos: se você suspeita que certos alimentos estão desencadeando ou agravando seus sintomas de urticária, pode ser útil realizar testes de alergia alimentar para identificar alérgenos específicos. Se forem identificadas alergias alimentares, a remoção desses alimentos da dieta pode trazer benefícios.
  2. Dieta anti-inflamatória: optar por uma dieta estilo mediterrânea, rica em alimentos anti-inflamatórios. Esses alimentos são: frutas e vegetais frescos, peixes ricos em ômega-3, nozes, sementes e grãos integrais, pode ajudar a reduzir a inflamação no corpo, potencialmente aliviando os sintomas.
  3. Evitar alimentos ricos em histamina: alguns alimentos ricos em histamina, como queijos envelhecidos, embutidos, vinho tinto, podem desencadear ou agravar os sintomas de urticária em pessoas sensíveis à histamina. Portanto, reduzir o consumo desses alimentos pode ser útil.
  4. Manter um diário alimentar: manter um diário alimentar detalhado pode ajudar a identificar padrões entre sua dieta e os surtos de urticária. Isso pode ajudar a identificar possíveis desencadeadores alimentares.
  5. Evitar aditivos e conservantes: alguns aditivos e conservantes alimentares podem desencadear reações alérgicas ou agravar os sintomas de urticária em algumas pessoas. Nesse sentido, ler os rótulos dos alimentos e evitar esses ingredientes pode ser útil.
  6. Evitar alimentos potencialmente irritantes: alguns alimentos, como alimentos picantes, álcool e cafeína, podem piorar os sintomas de urticária em algumas pessoas. Reduzir ou evitar esses alimentos pode ser benéfico.

Lembre-se de que cada indivíduo é único, e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Além disso, mudanças na dieta devem ser feitas com orientação médica para garantir que você esteja recebendo todos os nutrientes necessários. Por isso, é recomendável consultar um profissional de saúde qualificado antes de fazer alterações significativas em sua dieta, especialmente se você estiver considerando a exclusão de grupos alimentares inteiros.