A gastrina é um hormônio produzido principalmente no estômago e no duodeno, com um papel crucial na regulação da secreção ácida gástrica e no processo digestivo. Liberada pelas células G, a gastrina desencadeia uma série de eventos que culminam na produção de ácido clorídrico pelas células parietais do estômago, essencial para a digestão dos alimentos e absorção de nutrientes. Além disso, a gastrina desempenha um papel na renovação do revestimento do estômago e na motilidade gastrointestinal. Portanto, este hormônio exerce um controle fundamental no equilíbrio digestivo e na manutenção da saúde gastrointestinal.
O que é gastrina
A gastrina é um hormônio produzido pelas células G localizadas principalmente no estômago e no duodeno, a primeira parte do intestino delgado. Sua principal função é regular a secreção ácida do estômago e desempenhar um papel fundamental no processo digestivo.
Quando o alimento entra no estômago, as células G são estimuladas a liberar gastrina na corrente sanguínea. A gastrina, por sua vez, estimula as células parietais do estômago a produzir ácido clorídrico. O ácido clorídrico é essencial para a digestão de proteínas e também ajuda a matar bactérias e outros microrganismos que podem estar presentes nos alimentos. Além de regular a produção de ácido no estômago, a gastrina também desempenha um papel na motilidade gastrointestinal, no crescimento e renovação das células do revestimento do estômago e na absorção de certos nutrientes.
Em resumo, a gastrina é um hormônio chave que desempenha um papel crucial no processo digestivo, estimulando a produção de ácido estomacal e facilitando a digestão adequada dos alimentos.
Exame de gastrina
O exame que avalia os níveis de gastrina é um exame de sangue, chamado de “dosagem de gastrina sérica”. É recomendado um jejum de 8 a 12 horas antes do exame, pois a alimentação pode afetar temporariamente os níveis de gastrina. Os resultados são expressos em picogramas por mililitro (pg/mL) ou em outras unidades de medida. É importante notar que os valores normais de referência podem variar ligeiramente entre diferentes laboratórios e métodos de teste. O médico também levará em consideração outros fatores clínicos ao interpretar os resultados, como histórico médico, sintomas e resultados de outros exames.
Causas de gastrina baixa
A gastrina baixa no exame geralmente indica uma diminuição nos níveis desse hormônio no sangue. Essa condição pode ser causada por vários fatores, incluindo:
- Distúrbios autoimunes: condições autoimunes que atacam as células produtoras de gastrina podem levar a baixos níveis da mesma no sangue, como a gastrite autoimune, também conhecida como gastrite atrófica autoimune. Nessa condição, o sistema imunológico ataca as células do revestimento do estômago, incluindo as células que produzem gastrina (células G).
- Atrofia gástrica: é um processo de inflamação crônica que causa danos e degeneração das células do estômago. A atrofia gástrica pode resultar em diminuição da produção de gastrina.
- Cirurgia gástrica: algumas cirurgias no estômago, como gastrectomia parcial ou total, podem reduzir a produção de gastrina.
- Uso de medicamentos: certos medicamentos, como inibidores da bomba de prótons (IBP), podem inibir a produção de gastrina.
- Síndrome de Zollinger-Ellison (raramente): embora seja mais comum que a síndrome de Zollinger-Ellison cause níveis elevados de gastrina, em casos raros, a síndrome pode levar à diminuição da produção de gastrina.
- Síndrome de Anselmo-Lindberg: uma condição rara e genética em que as células G, que produzem gastrina, estão ausentes desde o nascimento.
É importante lembrar que a interpretação dos resultados do exame de gastrina deve ser feita por um médico, levando em consideração o quadro clínico completo do paciente, incluindo sintomas, histórico médico e outros exames relevantes. Além disso, a gastrina baixa é muitas vezes um achado secundário e não necessariamente uma condição isolada.
Causas de gastrina alta
A definição de uma alteração significativa em relação aos níveis normais de gastrina pode variar dependendo do laboratório e do método utilizado para realizar o exame. No entanto, geralmente, valores acima de 100-200 pg/mL (picogramas por mililitro) são considerados elevados e podem indicar uma possível condição médica subjacente.
É importante ressaltar que apenas a presença de níveis elevados de gastrina não é suficiente para um diagnóstico definitivo. É necessário levar em consideração outros fatores clínicos, como sintomas, história médica e outros testes complementares, para chegar a uma conclusão diagnóstica adequada. Vários fatores podem contribuir para a elevação dos níveis de gastrina no sangue. Alguns desses fatores incluem:
- Úlceras pépticas: as úlceras estomacais ou duodenais podem estimular a liberação de gastrina como uma resposta do organismo ao dano nas mucosas gástricas.
- Gastrite crônica: a inflamação crônica do revestimento do estômago pode levar ao aumento dos níveis de gastrina.
- Tumores pancreáticos (gastrinomas): esses tumores raros, também conhecidos como gastrinomas, são geralmente encontrados no pâncreas ou no duodeno. Eles produzem quantidades excessivas de gastrina, resultando em níveis altos no sangue.
- Síndrome de Zollinger-Ellison (SZE): é uma condição rara na qual ocorre a formação de gastrinomas múltiplos. Esses tumores secretam gastrina em excesso, levando a altos níveis do hormônio no sangue e causando úlceras pépticas no estômago e intestino delgado.
- Uso de medicamentos: alguns medicamentos, como inibidores da bomba de prótons (IBP) e antagonistas dos receptores H2, podem causar um aumento temporário nos níveis de gastrina, mas geralmente retornam ao normal após a interrupção do uso.
Esses são apenas alguns exemplos dos fatores que podem contribuir para a elevação da gastrina. É importante lembrar que uma avaliação médica completa é necessária para determinar a causa subjacente dos níveis elevados de gastrina.
Gastrina e sua relação com o ácido clorídrico
O aumento da gastrina pode ser um mecanismo de compensação à baixa produção de ácido clorídrico no estômago. O ácido clorídrico desempenha um papel crucial na digestão dos alimentos, pois ajuda a quebrar os nutrientes e facilita a absorção de alguns deles pelo organismo. A gastrina, como dito anteriormente, é o hormônio responsável por estimular a produção de ácido clorídrico pelas células parietais do estômago.
Quando há uma diminuição na produção de ácido clorídrico, seja devido a condições como gastrite atrófica, doença de Addison ou infecção por Helicobacter pylori, por exemplo, o organismo pode responder aumentando a produção de gastrina. O aumento da gastrina é uma tentativa de estimular as células parietais do estômago a produzirem mais ácido clorídrico, buscando equilibrar a função digestiva.
No entanto, é importante destacar que nem sempre um aumento da gastrina é exclusivamente um mecanismo de compensação à baixa produção de ácido clorídrico. Existem outras condições, como gastrinomas ou síndrome de Zollinger-Ellison, em que há uma produção excessiva de gastrina independentemente da produção de ácido clorídrico. Portanto, uma avaliação médica completa é necessária para determinar a causa subjacente do aumento da gastrina.
Medicamentos que diminuem a gastrina no sangue
Alguns medicamentos podem afetar a produção ou liberação de gastrina, resultando em níveis reduzidos de gastrina no sangue. Estes incluem:
- Inibidores da Bomba de Prótons (IBP): medicamentos como o omeprazol, pantoprazol, esomeprazol e outros são frequentemente prescritos para reduzir a produção de ácido no estômago. Isso pode, indiretamente, levar a níveis mais baixos de gastrina, já que a produção de gastrina é estimulada pela acidez estomacal.
- Antagonistas dos Receptores H2: medicamentos como a ranitidina e a famotidina também são usados para reduzir a acidez estomacal, e podem ter um efeito similar na produção de gastrina.
- Antiácidos: medicamentos de venda livre como o hidróxido de alumínio e o hidróxido de magnésio, usados para neutralizar o ácido estomacal, também podem afetar indiretamente os níveis de gastrina.
- Inibidores da Histamina: alguns medicamentos que inibem a ação da histamina, como o cimetidina, podem ter um efeito na produção de gastrina.
Lembre-se de que a diminuição dos níveis de gastrina devido a esses medicamentos pode não ser uma preocupação em muitos casos, pois faz parte do mecanismo de ação desses medicamentos para reduzir a acidez estomacal.